A Arte do Futebol no Amazonas
A prática do
futebol em algumas cidades do interior do Amazonas é tão antiga que muitas das
vezes não coincide com a data da fundação de muitos municípios. A calha do Rio
Madeira se enquadra nessa situação, pois, se fala da prática de futebol nessa
região desde o início das primeiras vilas.
A geografia propiciou a essa região uma disputa entre cidades. Onde ocorre uma
rivalidade ferrenha, porém, sadia e que de certa forma favorece o
desenvolvimento do bom futebol, diferenciando-se de muitas cidades que margeiam
outros rios do Estado do Amazonas. Esse resultado positivo pode ser atribuído à
ocorrência freqüente de jogadores que se destacaram e tornaram-se famosos,
escrevendo seus nomes na historia do futebol regional.
Dentre esses craques, citamos Soares, que foi o 1º jogador a marcar um gol no
Estádio Vivaldo Lima, durante um jogo que envolveu as equipes juvenis do São
Raimundo e Nacional. Em outro momento da história, Roberto Soares e Américo,
destacaram-se em uma partida pré-eliminar num jogo memorável entre Fast Clube e
Cosmos dos Estados Unidos, dentre muitos outros que se destacaram em times da
capital e até mesmo no exterior.
Os confrontos sempre se deram entre os selecionados da região do médio madeira
(Humaitá, Manicoré, Novo Aripuanã, Borba e até mesmo Nova Olinda do Norte) em
disputas que se estendia a nível Estadual. O 1º Intermunicipal disputado no
Estado aconteceu no ano de 1972 e foi decidido pelas seleções de Manicoré e
Borba, num jogo que aconteceu no Parque Amazonense e que sagrou a equipe de
Borba como a grande campeã daquele ano.
No ano seguinte a equipe de Manicoré viria decidir e sagrar-se campeã da
competição. Título que conquistou por três vezes com seu selecionado e, duas
vezes, quando a disputa passou a ser entre clubes.
Nos últimos tempos vem acontecendo evoluções significativas no futebol da
região da calha do Madeira. Clubes melhoraram suas estruturas e jogadores em
busca de seus sonhos começaram a encarar o futebol profissional como algo mais
palpável. Dessa forma, revelaram-se jogadores como Iriney Santos, que saiu do
Bragantino de Humaitá (amador), passou por times de São Paulo como São Caetano
e, hoje se encontra jogando no futebol profissional da Espanha.
O manicoreense Glaedson, atualmente é assessor técnico em Portugal, mas,
brilhou em grandes times de Rondônia, Manaus e marcou seu nome nas equipes do
Linhares e Fluminense de Feira de Santana, enfrentando e marcando gol em times
como o Flamengo (RJ).
A evolução do futebol regional foi comprovada recentemente, quando o
CDC/Manicoré, clube da 1ª divisão do futebol Amazonense, disputou a série “B”
do referido campeonato e teve acesso à elite futebol Amazonense com um plantel
100% formado por jogadores de Manicoré, disputando o Campeonato Amazonense de
2009, apenas com jogadores da região, inclusive de craques que vieram das
cidades de Humaitá e Novo Aripuanã.
Hoje temos
craques do passado que ocupam cargos de destaque em frente à administração de alguns
municípios. Podemos destacara dois que foram gigantes do futebol do Madeira. Um
responde pelo nome de Gelásio do Espírito Santo, “Barbinha”, que atualmente é o
Secretário de esporte da cidade de Humaitá.
O outro se chama Lúcio Flávio do Rosário, vice-prefeito da cidade de Manicoré.
Esses dois craques viveram épocas em que regras e disciplina regiam e quando o
talento, dedicação e ética fazia parte dos pré-requisitos de um bom jogador.
Com certeza esses dois atletas viveram dentro e fora do campo apogeu do futebol
regional.
Manicoré não apresenta mais nenhum documento que registre a história do futebol
do Madeira. Na década de 90, a sede da LDM sofreu um atentado e todos os seus
documentos foram queimados, levando toda a história que creditava o espetáculo
vivido no passado.
Atualmente fica um desafio para quem é apaixonado pelo esporte. A chegada da
Universidade do Estado do Amazonas (UEA), em especial o Curso de Licenciatura e
Bacharelado em Educação Física (LIBEF) que com muito entusiasmo estão tentando
resgatar a ética esportiva e fazer com que os times da Calha do Rio Madeira
possam viver novamente momentos de ápice do futebol, bem como restabelecer a
história para que muitas gerações possam se orgulhar de seus antepassados.
Fonte:
Da Redação em Manicoré